Renda fixa não é fixa

Pode parecer meio contraditório ou até uma pegadinha, mas eu garanto que é verdade. Nem os investimentos da renda fixa tem rentabilidade fixa a todo momento.

Isso inclusive explica a minha postura frente às maiores dúvidas que recebo pelo direct (@papodevalor) e nas consultorias, principalmente de quem está iniciando no mundo dos investimentos:

“Quanto rende o investimento X?”

Ou a versão “Qual investimento rende mais?”

Na renda variável a resposta para essas perguntas não é possível, por motivos óbvios. E na renda fixa isso se repete, ela também varia.

Por que a renda fixa não é fixa?

O risco de crédito é uma das causas, principalmente em relação à marcação a mercado. Ele é reflexo da percepção do mercado em relação ao risco de inadimplência de determinado emissor. Difícil? Peraí que eu traduzo pra você: “risco de crédito é o quanto o povo acha que vai levar calote”.

Essa marcação a mercado, presente nos ativos de renda fixa, também sofre influência forte da taxa de juros futuro, expectativa de inflação, movimentação da taxa básica de juros do país e crescimento da economia. Ela é a precificação no momento atual de um determinado ativo, ou então “o quanto vale hoje o que você tem se você quiser vender”.

Rolou uma aula super didática e gratuita sobre esse assunto aprofundando a respeito de como os fundos de crédito privado estão se movimentando nessa crise. Ela ainda está ao ar (não sei até quando), então clica aqui pra assistir.

Seguindo com o nosso assunto… é por essas movimentações e riscos que acompanham o papel que a rentabilidade varia, podendo gerar não só ganhos menores como até perdas em relação ao valor que você investiu inicialmente.

E como a renda fixa varia?

Os títulos de renda fixa podem ser:

  • Pré fixados: os que você já sabe quanto vai render no vencimento logo no momento da compra. Ex.: 8% ao ano.
  • Pós fixados: os que são vinculados a algum índice. Ex.: 100% CDI
  • Ou uma mistura entre os dois: como é o caso dos títulos IPCA + 4%, por exemplo.

O caminho dos títulos pré fixados até possuem uma rentabilidade garantida no seu vencimento, mas sofrem durante o trajeto com a tal da marcação a mercado que comentamos acima. Olha só como isso funciona na prática abaixo na figura 1:

Ao comprarmos esse título, sabemos do ponto X e por isso supomos que o caminho será como o tracejado. Mas não é. A realidade pode ser conforme a linha azul, com momentos de ganhos maiores e outros de perdas até. Ao final, o X está garantido no seu título, mas é preciso esperar e não vende-lo antes do prazo.

Essa movimentação da figura 1 também é muito parecida com os títulos que são uma mistura do tipo IPCA+algo%. Apesar de não sabermos o ponto X, o caminho também é marcado a mercado.

Títulos como o tesouro Selic ou os CDBs atrelados ao CDI geralmente são considerados com rentabilidade fixa também. Pois bem, ela é atrelada ao índice (CDI ou Selic) que não é fixo, então não tem como ela ser também. Faz sentido pra você?

Por outro lado, sua movimentação é menos drástica, com leves mudanças na inclinação acompanhando a alteração da taxa em questão, quando ocorrer. Veja só a figura 2 abaixo:

Em resumo…

Não tem rentabilidade fixa e há risco envolvido. Mas isso não é necessariamente ruim. É parte do jogo e não temos controle sobre como acontece. O grande ponto é seguir entendendo sobre o funcionamento do mercado e apurando nossas habilidades em fazer uma gestão ativa desses investimentos.

Se quiser aprender mais, sugere aqui nos comentários os temas que são de interesse ou as dúvidas pra podermos produzir mais materiais focados nas necessidades de vocês.

Pra consultorias, você já sabe, só clicar aqui e deixar seus contatos que nos falamos em breve.

Vívian Rodrigues

Consultora Financeira e fundadora do Papo de Valor. É apaixonada pela vida e tem a missão de inspirar outras pessoas a usarem o dinheiro como ferramenta para realizar coisas incríveis.

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