Papo de ValorO artigo de hoje foi fruto de um convite especial feito ao Lucas Ribeiro, que é um dos fundadores e atual presidente do Amigos do Banco Central, um fundo patrimonial que certamente gerará impacto na vida de muitas pessoas. Aproveite a leitura!
Há 2 anos um grupo de alumni e alunos(as) das Escolas de Engenharia da UFG resolveram retribuir à universidade o ensino gratuito que tiveram. Assim, criaram o primeiro Fundo Patrimonial de uma universidade do Centro-Oeste do país. O objetivo é nobre: melhorar o ensino de engenharia em Goiás!
Fundos Patrimoniais são um meio de arrecadar e repassar doações para organizações sem fins lucrativos. Também conhecido pelo termo em inglês “Endowment Fund”, um fundo patrimonial é criado a partir de doações de pessoas físicas e jurídicas.
É uma forma usual de arrecadar recursos de ex-alunos, ex-alunas e instituições privadas para investir, de forma sustentável, em atividades acadêmicas e universitárias.
Como premissa, todo dinheiro arrecadado é mantido de forma perpétua pelo fundo, de tal forma que apenas o rendimento é repassado. Sendo assim, é possível garantir a sustentabilidade financeira dos investimentos não só no curto prazo, como também no longo prazo.
Incipientes no Brasil, os endowments de universidades surgiram nos Estados Unidos há décadas. O maior deles, o de Harvard, foi fundado em 1974 e tem mais de US$ 40 bilhões de patrimônio. O de Yale, o segundo maior, tem cerca de US$ 30 bi.
No total, os endowments de universidades americanas administram US$ 630 bilhões. Para se ter uma ideia da relevância, os endowments geram um terço das receitas da Yvy League, o grupo de oito escolas de elite do país.
No Brasil já existem fundos patrimoniais em diversas universidades, como na USP, Unicamp, PUC-RJ, Unesp, UFRJ, UFRGS, UFSC, UFPel. O pioneiro é o Amigos da Poli, da Engenharia da USP, que foi fundado em 2009 e tem R$ 35 milhões em patrimônio, mas outros também têm despontado na arrecadação, como o Sempre FEA, criado em 2020, e que já possui mais de R$ 4 milhões sob gestão.
(Diferentemente dos EUA, os fundos patrimoniais no Brasil não contam com incentivos fiscais. A Lei 13.800, de 2019, deixou a desejar na parte referente a criação de isenções fiscais).
Tão importante quanto o apoio financeiro é a atração de pessoas com destaque na sociedade para participar do fundo. Na Amigos da Poli, há pessoas de relevância no mercado financeiro, como o Luis Stulberg, da Verde Asset. No Sempre FEA, entre os doadores estão o Guilherme Leal da Natura, Pérsio Arida, ex-sócio do BTG e economista do Plano Real, Eduardo Vassimon, ex-CFO do Itaú e hoje chairman da Votorantim e Décio da Silva, da WEG.
Por ser o primeiro fundo na região Centro-Oeste, a Amigos do Brasil Central enfrenta, ainda, o desafio de divulgar a ideia. Esse é o principal objetivo hoje. É importante que todas as pessoas que são membros da comunidade acadêmica da engenharia conheçam e participem do Fundo, mas que pessoas interessadas na melhoria da educação superior do país se envolvam também.
Atualmente o fundo conta com 40 doadores e mais de 130 doações, o que é pouco, visto o potencial. O objetivo é atingir um patrimônio de R$ 2 milhões para poder contribuir de forma relevante para as Escolas. Esse montante seria suficiente para aplicar anualmente R$ 100 mil nas engenharias, o que representaria triplicar o valor investido hoje apenas com recursos próprios.
No momento em que o país passa por uma crise fiscal sem precedentes, e com os recursos destinados para as universidades públicas cada vez mais escassos, é fundamental que a sociedade se engaje ativamente em alicerçar seu futuro. Há diversos projetos de alunos(as) na UFG que precisam de recursos para atividades básicas, como compra de equipamentos e passagens para participar de competições. Sem o apoio do fundo patrimonial, esses projetos muitas vezes deixam de ter andamento.
É apenas com maior investimento na universidade que conseguiremos formar melhores engenheiros(as).
Qualquer pessoa interessada em doar ou participar do fundo, pode entrar em contato acessando o site.
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