Se assim como eu, você também está no grupo de millennials, muito provavelmente já ouviu de alguma mulher que admira “É preciso buscar sua independência financeira, correr atrás dos seus sonhos e ter seu próprio dinheiro”.
Essa motivação foi – e continua sendo – muito importante, pois muitas mulheres (incluindo eu) fizemos isso!
Muitas passaram pelo caminho de estudar, ingressar no mercado de trabalho e agora precisam lidar com outros tipos de desafios para além do “ter o próprio dinheiro”. No entanto, a aceleração do mundo, inserção de novas tecnologias e até mesmo as crises nos mostram que ter uma renda não é suficiente para ser independente financeiramente.
No artigo te hoje, te faço um convite para refletirmos juntos sobre a ascensão financeira feminina através da tão almejada independência financeira. Vamos lá?
Os estigmas quando o assunto é dinheiro
É fato! O dinheiro é rodeado de estigma e, normalmente, querer dinheiro vai contra as expectativas de gênero que existem sobre as mulheres. Apesar de toda a desigualdade no mercado de trabalho, estamos conquistando nosso lugar.
Porém, alguns espaços ainda possuem regras “não escritas” que parecem não nos incluir, e é possível que a sensação de vergonha, o medo de parecer “burra” e até mesmo a insegurança de perder dinheiro apareçam.
O que não acontece com os homens, que por sua vez foram motivados pelo interesse. Enquanto nós, sempre fomos instruídas a servir. Dinheiro não é um assunto comum e até hoje tem um status masculinizado.
Hoje, o mundo entende que a mulher precisa de dinheiro, afinal, vivemos em uma sociedade que também se aproveita disso, mas ter uma carreira e investir? “Ah não! Isso é coisa para homens!”, vão te dizer.
Pressão social e algumas perspectivas
Na maioria das vezes, as mulheres sempre foram direcionadas a ambicionar ser uma boa esposa, uma boa mãe, uma boa dona de casa. Até a segunda guerra mundial as funções de trabalho femininas eram direcionadas ao cuidado, e isso deixou marcas profundas que refletem até hoje.
Se formos colocar a civilização em perspectiva sabemos que mulheres assumirem cargos ou profissões significativas não é muito antigo, e é claro que isso também deixou marcas.
Acontece que, se hoje você está conseguindo ler este texto é porquê outras que vieram antes e lutaram por isso, e agradeço muito por todas as conquistas.
E como diz aquela frase de Newton: “Se vi mais longe foi por estar sobre os ombros de gigantes.”
Neste espírito quero te fazer refletir sobre nossa ascensão financeira até hoje e quais são os próximos passos.
Independência financeira e a ascensão feminina
Compartilhando uma parte da minha história, fui criada mais pela minha mãe do que pelo meu pai. Apesar dos dois trabalharem juntos, eu sempre podia contar com a presença dela, até mesmo nos eventos escolares voltados para os pais.
E como a minha memória é boa, isso não era tão diferente com meus outros amigos de classe.
Onde estavam a maioria dos pais nesses momentos? Bom, eles sempre tinham que cuidar de trazer dinheiro para casa.
Neste contexto, e em uma casa com mais três mulheres, eu cresci ouvindo que eu deveria ir atrás do meu próprio dinheiro e não depender de ninguém. E lá fui eu!
Quando escolhi minha profissão tenho clareza que naquela época fui motivada pela ideia “daquela que pode me trazer mais dinheiro”.
Apesar de hoje amar o que faço, acreditei que o mercado financeiro poderia me trazer a independência financeira que tanto sonhei.
Com o passar do tempo aprendi muito e passei por situações difíceis onde me vi em situações de discriminação escancarada e o que fazia? Ficava quieta.
Não basta apenas ganhar o dinheiro, é preciso ir além
Acho que tudo isso acabou deixando algumas marcas em mim, mas aí, estudando mais percebi que isso era muito maior do que a minha pequena bolha.
Estas marcas estão escancaradas nas estatísticas, uma pesquisa global revelou que em média, 82% das mulheres acreditam que seus companheiros sabem lidar melhor com dinheiro do que elas.
Hoje, no Brasil, somos mais da metade da população e atingimos a marca histórica de 1 milhão de investidoras pessoas físicas na B3, mas isso representa apenas 27,58% dos investidores da bolsa.
E calma, não é só porque a bolsa é mais arriscada não, no tesouro direto somos apenas 32,6% como mostra essa matéria do Valor.
Mulheres investem de forma diferente dos homens, não podemos negar que somos mais cautelosas e buscamos entender bem sobre os investimentos que vamos fazer. E isso está longe de ser um ponto ruim, muito pelo contrário!
A grande questão é não deixar que as expectativas externas impactem completamente a nossa tomada de decisão.
É preciso se manter firme para continuar nessa jornada
Sabemos mais hoje do que antes como os atalhos mentais e nosso sistema irracional nos fazem ter 95% de todas as nossas decisões de forma inconsciente.
Somando isso a questão da aprovação social, que traz vários gastos desnecessários e expressivos com beleza, vestuário e procedimentos estéticos, e a ideia de que finanças, dinheiro e investimentos é coisa para homens, criamos uma grande barreira interna também.
Nos pressionamos demais a sermos perfeitas e entregamos nosso futuro ao acaso. Não fomos ensinadas sobre como cuidar do nosso dinheiro, afinal, pouco tempo atrás sequer tínhamos direito a tê-lo.
Porém, precisamos entender que para nossa ascensão, a tão desejada independência financeira, não basta apenas ganhar dinheiro, temos que assumir o papel de cuidar dele também.
Hoje, como planejadora financeira em uma empresa completamente feminina entendo que minha missão é ensinar, desmistificar, motivar e criar espaços de troca sobre finanças.
Por isso, te convidamos a nos acompanhar no Instagram @papodevalor e se rodear de pessoas que te façam refletir sobre o próximo passo dessa jornada que envolve planejamento e investimentos.
Vamos juntas?
[…] falamos em outro momento aqui no blog sobre esse tema, fazendo um convite para que mulheres continuem a sua ascensão financeira. Nele abordamos sobre a pressão social e outros estigmas quando o assunto é […]