Quem quer ser um milionário?

* Este texto sobre ser milionário começa com uma ressalva. As conversas e reflexões relatadas aconteceram entre pessoas de classe média, e naturalmente privilegiadas quando o assunto é ascensão financeira. Especialmente para classes sociais mais pobres, a autora acredita que, tão importante quando o esforço individual, são políticas públicas favoráveis a quem se esforça.

Outro dia em um almoço com uma amiga ela me confessou que já tinha entendido que não vai rolar o projeto pessoal de ser milionária, afinal para ela pessoas milionárias de duas uma: ou não aproveitam a vida; ou fizeram coisas ruins para chegar lá.

Esse comentário sincero e espontâneo me sacudiu.

Sacudiu porque eu tenho total intenção de continuar aproveitando a minha vida e sou uma pessoa bastante firme em termos de honestidade. E dito isso, faz parte dos meus projetos pessoais conseguir juntar algo em torno de 3 milhões de reais.

Ninguém me “deu” esse número

Bom, eu não inventei esse número e nem roubei de ninguém.

Esse número é fruto de algumas reflexões, algumas contas, algumas ponderações, e é basicamente o número que eu gostaria de alcançar para ter uma aposentadoria da maneira que eu me proponho a ter.

Esse número, é o número do meu projeto de aposentadoria.

A verdade é que eu não me proponho a alcançá-la nos próximos dez anos, afinal o projeto de aproveitar a vida segue firme, e considerando o que eu recebo mensalmente, entendi que é mesmo necessário alongar o prazo para acumular o dinheiro e tá tudo bem.

Na minha cabeça, o que eu preciso é “organizar a casa” para chegar em 2055 bem.

Mas voltando a nossa conversa, no dia eu expliquei isso para minha amiga e ela me respondeu o seguinte:

– Não é esse tipo de milionário que eu estou falando! Lore, relaxa, você não tem esse perfil de milionária.

E isso me deixou muito reflexiva.

Quem pode ser um milionário?

Milionário é quem tem mais de um milhão? Ou para ser milionário é preciso cumprir outros pré-requisitos?

O que é que esse número com tantos zeros tem que até parece coisa de outro mundo, coisa de gente ruim, coisa de gente que não aproveita a vida?

Acho relevante comentar que para fazer esse artigo pesquisei a palavra “milionário” em um banco de imagens. E tudo que encontrei foram fotos de pessoas (em geral, homens) brancas dentro de jatinhos ou carros caros ou com um monte de sacolas de compras nas mãos.

Interessante o quanto gente milionária tem “cara”, mas isso é assunto para outro(s) artigo(s)…

Um pouco sobre crenças

A nossa percepção do dinheiro é influenciada por uma série de fatores tanto internos como externos, e o contexto em que vivemos influencia muito (família, amigos, país em que vivemos, tudo isso).

E essas crenças que vamos construindo ao longo da vida podem ser positivas ou negativas, e quando é o segundo caso são verdadeiras âncoras.

Em nossas vidas o acesso a uma série de coisas depende de dinheiro. Uma boa moradia, cursos, saúde, lazer, viagens, para tudo isso ter recurso financeiro é uma premissa básica, afinal são coisas compradas e vendidas.

O próprio ato de ajudar outras pessoas pode ganhar mais espaço nas mãos de quem tem mais dinheiro.

E quando temos em nós uma construção muito negativa associada a esse recurso, temos dificuldade em nos permitir prosperar.

É como se a gente quisesse ficar pertinho daquilo que a gente valoriza e acredita, e quando acreditamos que o dinheiro está associado a coisas ruins, é natural que num efeito manada a gente acabe também preferindo não o ter, não o almejar.

Por isso é importante rever e reconsiderar algumas ideias e crenças que construímos ao longo da vida e carregamos conosco.

Uma pincelada sobre ferramentas que podem ajudar

Essa desconstrução não é algo simples nem rápida de acontecer, mas se você aceitar algumas dicas para iniciar o processo, acredito que as sugestões abaixo podem te ajudar.

  • Reflita sobre quais são os seus sonhos: é muito importante entender o que você gostaria de realizar. Como é a vida que você desejaria ter? Onde você moraria? Que lugares você frequentaria? Pensar sobre isso te ajudará na próxima etapa;
  • Tenha clareza de quanto custam os seus sonhos: entenda e encare o preço dos seus projetos pessoais. Eu diria que há uma boa chance de você se deparar com números bastante altos. Mas com isso em mãos, ao invés de jogar tudo para o alto, vá para o próximo passo;

E atenção! Se você tem interesse em descobrir o seu número de projeto para ter uma aposentadoria, clica aqui, temos um artigo só sobre esse assunto com material gratuito e tudo que você precisa para fazer as suas contas.

  • Reflita sobre a estratégia para alcançá-los: se proponha a entender o que é possível fazer para chegar lá. Considere o fator tempo em seus projetos e – se possível – alongue o prazo para alcançar. As coisas não acontecem do dia para noite, e é assim mesmo que é a vida, quer a gente queira, quer não;
  • Não tenha um número, tenha o seu projeto: um milhão é número. É número igual 50 mil, igual 10 milhões, igual 1. É só número. Agora, o que tem por trás desse número? Juntar por juntar é mesmo vazio, por isso é tão importante ter clareza do que você está construindo;
  • Molde o seu ambiente/contexto: não é possível mudar tudo (mudar de família, amigos, país, experiências passadas…), mas é razoável pensar em se cercar de estímulos e conteúdos que desmistifiquem as crenças identificadas e que podem estar te atrapalhando. Reveja a maneira como você usa as redes sociais, escolha os livros e filmes que lê de maneira pensada, estude sobre o assunto.

Por fim, o meu desejo mais sincero para a minha vida, para a vida da minha amiga, e para a vida do máximo de pessoas é que possamos realizar sonhos e viver bem. E acredito que se tem algo que podemos fazer para sermos mais felizes… bom, isso deveria ser feito.

Lorena Pires

Consultora Financeira Pessoal da Papo de Valor. Acredita que por mais “exata” que seja a matemática, nem tudo são números. Atuar ajudando pessoas a se organizar financeiramente – e consequentemente colaborar para que tenham uma vida mais livre – é seu principal propósito.

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