Um negócio que deu certo

Quero contar uma história pra você. Outro dia, em uma conversa com um amigo de infância, o assunto descambou pra pauta de negócios. Esse é um assunto que eu amo profundamente por vários motivos, afinal:

1) eu componho a equipe da Papo de Valor, que é uma empresa que tem um modelo de funcionamento bem particular e interessante; e

2) por eu trabalhar oferecendo consultorias financeiras para pequenos negócios.

Se dependesse só de mim, uma conversa como essa renderia horas e horas.

Acontece que, à medida que a conversa se desenrolava, ficava cada vez mais nítido que não entrava na cabeça do interlocutor-ser-de-luz que eu (bem como a Papo de Valor) executo um trabalho extremamente sério, relevante na vida dos clientes e que remunera bem.

Ao longo de toda a conversa pairava no ar aquele tom de “é, ela faz um dinheirinho”, como se o meu trabalho fosse menos importante ou financeiramente interessante do que de outras pessoas ali naquela mesa.

Para mim é bastante nítido que em alguns círculos sociais indicadores como: tem espaço físico, tem funcionários, tem um faturamento acima de X que vão contar se a empresa deve ser levada a sério ou não, que vão dizer se a pessoa é um empreendedor de sucesso.

E, provavelmente por eu ter um contato bastante próximo com empresas de diversas realidades, eu tenho segurança em afirmar que não dá pra adivinhar o resultado ou inteligência estratégica só pela fachada. Toda empresa tem um segredinho que não quer contar pra todo mundo. E talvez nem deva mesmo.

Por exemplo, um autônomo pode ter um resultado mensal (faturamento [menos] impostos [menos] custos do negócio) de 40 mil reais por mês (ou mais). Uma grande empresa, com equipe enorme e uma linda sede, pode gerar para os sócios um resultado de 2 mil reais. E vice-versa.

Um sócio de uma grande empresa pode ter uma vida muito equilibrada, com um horário de trabalho que permite a ele uma vida social feliz, enquanto um autônomo pode precisar trabalhar 12 horas por dia.

Existem aos mooooontes pessoas que não sabem absolutamente nada do universo empreendedor (por mais que jurem de pés juntos que sabem), que têm uma visão estereotipada do que é sucesso, minimizam o trabalho do outro e despejam isso pra pessoa sem dó nem piedade.

E se a gente não tem uma clareza muito grande de quais são as nossas métricas pessoais de sucesso, a chance de vestir a carapuça de “é, acho que o que eu faço nem é tão legal assim” é muito grande. 

Por muito tempo me retraí em conversas desse tipo, já voltei pra casa pensando se estava mesmo no caminho certo ou não. E, para esses momentos, ter conversas com pessoas próximas que conhecem o meu contexto real foi importantíssimo. Elas me ajudam a aterrissar, me lembram o que é importante pra mim.

A título de curiosidade, se você me pergunta: “Mas Lore, e suas métricas de sucesso, quais são?”, te respondo alguns pontos que para mim são importantes: 

  • ter um negócio com saúde financeira, 
  • ter tempo para viver a vida além do trabalho;
  • ter flexibilidade sobre a maneira como decido usar meu tempo;
  • correr riscos relativamente baixos.

Hoje acredito que são esses os meus inegociáveis (passei a usar esse termo depois deste episódio da Berlinda, que eu super recomendo, diga-se de passagem), mas em outros momentos já foram outros.

Por exemplo, no começo da minha carreira como planejadora financeira o trabalho se tornou o centro absoluto da minha vida, e eu tinha pouquíssimo tempo para a vida social, e por uma série de motivos pessoais isso fazia sentido para mim naquele contexto, mas sempre entendi que era algo temporário e que, no longo prazo, o meu modelo de negócio não demandaria 50 horas semanais de trabalho pra parar de pé.

Na intimidade das conversas com meus clientes vejo o quanto é fácil e comum sermos levados a nos distanciar daquilo que realmente importa em troca de esbanjar determinado status na sociedade ou de simplesmente fazer o que todo mundo faz. É como se a gente só seguisse o fluxo.

A inércia pode nos levar por caminhos que desconsideram aquilo que particularmente nos traz paz e felicidade.

Pensar um modelo de negócio ajustado àquilo que é realmente importante para cada um demanda criatividade e – em muitos casos – se propor a desapegar do que é valorizado socialmente, até porque nem sempre o que a sociedade admira é o que de verdade toca o nosso coração.

Então deixo aqui o meu convite a reflexão: o que você, empreendedor(a) valoriza? Quais são as suas métricas de sucesso? O seu modelo de negócio hoje contempla esses pontos?

Se não, ou se você sentir que algo pode ser melhorado, deixo aqui o link pra você entrar em contato com a gente. De cá, a gente ama ajudar pessoas e negócios a criarem espaço para aquilo que mais importa para cada um.

Lorena Pires

Planejadora financeira da Papo de Valor. Acredita que ajudar no sucesso de um pequeno negócio é também ajudar na ascensão social das pessoas que estão ali por trás (dos empregadores aos funcionários), é minimizar passos em falso que teriam consequências catastróficas nas vidas dessas pessoas, é participar e colaborar para realizações pessoais.

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