Planejar para realizar: como ter um ano mais estratégico no seu negócio

clica aqui embaixo que leio o texto pra você em 10 minutos! =)

E mais um ano se inicia. Não sei como é por aí, mas para mim esse momento costuma trazer muito espaço de reflexão. É como se a partir dessa virada uma nova história se iniciasse. Claro, uma história que já começa com bagagem, mas também cheia de páginas em brancos.

Me perdoem os seguidores da tradição de escolher uma cor para representar o que desejam para o próximo ano – não sou das mais supersticiosas neste ponto – , mas para mim o que realmente dita essa nova etapa são as escolhas, ações e intenções particulares. E claro, um tanto do acaso, já que não temos tudo sob nosso controle.

Como planejadora financeira já tive a oportunidade acompanhar a vida de muita gente, para além da minha própria vivência, e algo que já está escrachado para mim é o quanto a intencionalidade e clareza sobre metas e plano de ação impactam nos resultados alcançados.

É nítido o quanto ter um “ponto de partida” e um traço do caminho que se quer percorrer, são fatores que impactam muito no sentimento de realização e conquista pessoal. Afinal, é como aquela famosa frase de Alice no País das Maravilhas dita pelo gato Cheshire à Alice:

 Se você não sabe onde quer ir, qualquer caminho serve.

Para que você possa compreender ainda mais o quão importante é ter claro o que se quer alcançar, quero compartilhar com você a história do João e do José.

Histórias parecidas mas com desfechos diferentes

Vale reforçar que esse não é mais um daqueles artigos que você acaba vendo por aí sobre ter metas e objetivos para o próximo ano, longe disso (ou talvez perto, mas diferente!). Quero que você possa se sentir inspirado a pensar com mais carinho nas suas escolhas.

Para isso, compartilho com você a história de João e José, que apresenta alguns fatos verídicos – de quem estava ao final de 2021 se preparando para 2022 – e que traz a realidade de muitos autônomos.

Vamos lá?

João e José são amigos e arquitetos que se já se formaram há uns 5 anos. Ambos gostam muito do que fazem e possuem um bom volume de clientes. Trabalham muito (com muitas noites mal dormidas, inclusive) e conseguem se sustentar de maneira independente poupando um pouco a cada mês, mas nada muito expressivo.

Assim como quem empreende e gosta muito do que faz, eles também têm uma série de sonhos bem parecidos, como: viajar mais, poder não trabalhar a noite, passar a morar junto com a pessoa que dividem a vida em alguns anos e ter um espaço físico em algum momento da carreira.

O que eles têm de muito diferente na verdade é a maneira como ao final do ano encararam os planos para iniciar o próximo.

Em algum momento você vai precisar tomar uma atitude

Aprofundando um pouco mais sobre a história do José, chegou um momento em que ele se cansou de ganhar dinheiro e não ver para onde estava indo. Isso mesmo, cansou!

Resolveu que era hora de entender o que precisava acontecer para sua vida melhorar. E bom, ele tem uma boa dose de autoconhecimento para conseguir ter clareza de quais são as suas prioridades, com isso estruturou planos de curto e médio prazo focando nisso.

Decidiu que 2022 seria o ano de parar de trabalhar a noite e conseguir fazer ao menos três viagens no ano. Essa é uma decisão que pode não ser tão simples para outras pessoas. É comum em momentos que tomamos uma atitude querer realizar todos os planos, sonhos e pendências de uma única vez, e o resultado disso sabemos bem qual é: uma série de frustrações e voltar para o mesmo lugar.

Por mais que José quisesse realizar outras coisas, foi preciso escolher o que era essencial para aquele momento. Com isso em mente, se propôs a olhar para os números do seu negócio. Pegou extrato, passou tudo a limpo e buscou fazer análises sobre o aconteceu nos últimos meses.

Dar um próximo passo pode ser o que o seu negócio precisa

Com um pouco mais de conhecimento sobre os próprios números, ele conseguiu ter clareza sobre os resultados e o quanto estava acostumado a “tirar por projeto”, quais eram aqueles que traziam mais resultado, quais traziam menos… Mais do que isso, olhou pra aquele compilado de informações e entendeu o seguinte: precisaria de mais uma pessoa na equipe para conseguir dizer “sim” para bons projetos que chegavam até ele, mas que acabava dispensando por se sentir inseguro, com medo de não ter o tempo necessário para executar o trabalho com qualidade.

Entendendo tudo isso, olhou pra quanto conseguiria pagar para uma nova pessoa na equipe e logo entendeu que (com o faturamento médio atual) não teria muito de onde tirar o dinheiro para pagar, se não do próprio ‘salário’.

Já falamos outras vezes aqui no site e também é algo que abordo bastante em minhas redes sociais sobre o quão importante é o pró labore, se você ainda não está familiarizado com esse tema, vale a pena conferir os outros conteúdos que temos por aqui.

Saber que teria que ‘sacrificar’ parte do pró labore para conseguir pagar outra pessoa foi de doer o coração, mas ele pensou:

 “Bom, se essa pessoa aprender bem, em até seis meses ela estará me substituindo em algumas funções, assim eu consigo vender mais projetos, o faturamento do meu escritório aumenta mesmo comigo trabalhando um pouco menos (e mantendo entrega de qualidade para os meus clientes)”.

E foi assim que ele acabou decidindo que por seis meses a meta era manter um pró-labore reduzido até ter avançado bem com o treinamento desta nova pessoa e garantir um faturamento que absorvesse o salário dos dois.

Entendendo então que o seu modelo de negócio iria sofrer algumas alterações aproveitou o momento para revisar sua precificação e também as metas de vendas, deixando tudo muito claro para que pudesse consultar sempre o que precisaria ser feito para alcançar seus objetivos.

Talvez você pensa: ah, mas não tenho essa capacidade toda do José!

É muita coisa? É. São reflexões e movimentos que dão muito trabalho e em alguns momentos podem ser até mesmo cruéis, pois deixam muito claro que alguns sonhos ainda precisam esperar mais. Por outro lado, são essas mesmas reflexões e atitudes que orientam para onde devemos ir e evitam que a gente se perca no caminho.

Mas foi com todo esse esforço que José conseguiu alcançar os seguintes resultados durante o ano de 2022:

  1. De abril em diante passou a atingir o ponto de equilíbrio de faturamento para bancar o seu pró labore original e o salário da pessoa contratada. Mesmo assim optou por manter seu pró labore reduzido pelos seis meses planejados, que fez com que tivesse uma pequena margem de segurança.
  2. A meta das 03 viagens só não foi concluída 100% por conta de alguns imprevistos e adoecimento que impactaram o desempenho no trabalho, mas fez duas ótimas viagens, o que já foi melhor do que nos últimos anos
  3. E sim, o sono do José melhorou (e muito!). Durante o ano, precisou trabalhar por volta de umas 20 noites apenas, quase duas vezes por mês. Pode parecer muito ainda, mas a verdade é que antes o ritmo era de duas noites trabalhadas por semana.

Agora que você sabe como foi para o José, é hora de saber sobre o João

Talvez você tenha estranhado não ter um paralelo entre as histórias do José e do João, mas isso tem uma razão.

No caso do João ele ainda batia na tecla de que não gostava de se planejar, pois era algo que o tirava da espontaneidade da vida. Além disso, confessa que é um assunto que o cansa um pouco. Imagina fazer todo o movimento que foi feito pelo amigo? Só de imaginar se sentia extremamente desmotivado e cansado.

Por conta disso, na prática, ao longo do ano os preços dos seus projetos subiram um pouco. Não porque ele entendeu que o seu preço precisava ser ajustado para que pudesse realizar algo, simplesmente olhou o que a concorrência estava fazendo e foi no embalo, e essa atitude até o fez ganhar um pouco mais.

Acontece que esse foi um dinheiro que ele nem viu, porque uma vez que entrava na conta ele automaticamente aumentava os gastos. E não se engane: os gastos a mais não foram direcionados para o que trazia mais felicidade para ele, mas para o que estava todo mundo fazendo.

Ao contrário de José, João fez três viagens, mas nenhuma para lugares em que ele gostaria de visitar, e quando voltou ao trabalho a vida estava completamente de cabeça pra baixo.

E mais do que isso, ele continuou pegando alguns projetos com baixa margem de contribuição, até por não ter tanta clareza sobre quais “sim’s” e “não’s” deveria distribuir. Pegou tantos, mas tantos projetos, que passou a trabalhar ainda mais noites ao longo do ano para dar conta de todo o volume.

O sentimento que o dominava ao final do ano era o de cansaço, insatisfação e de que a arquitetura não dá dinheiro.

A força da intencionalidade

Vivemos em um mundo que explora o consumo, naturaliza o trabalho até a exaustão e que trata com normalidade a solução de problemas lá na farmácia.

Se a gente não se propõe a parar para refletir sobre o que desejamos para a nossa vida e num segundo momento elaboramos um plano para tal, a chance de utilizarmos a nossa preciosa vida de um jeito vazio é gigante.

É o que comentei no início deste artigo, ter clareza do que queremos junto com um plano para realizá-los em nossas vidas impacta e muito a nossa vida e principalmente o nosso negócio.

Mas para montar esse plano você não precisa ser como o José e nem como o João, esse é um caminho que não precisa ser percorrido sozinho. Alcançar as realizações desejadas – ainda que gradual – é algo que pode acontecer com o amparo de um especialista da área.

Lorena Pires

Planejadora financeira da Papo de Valor. Acredita que ajudar no sucesso de um pequeno negócio é também ajudar na ascensão social das pessoas que estão ali por trás (dos empregadores aos funcionários), é minimizar passos em falso que teriam consequências catastróficas nas vidas dessas pessoas, é participar e colaborar para realizações pessoais.

1 comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.