Outro dia, durante um encontro de consultoria financeira, uma cliente comentou que nunca teve problemas sérios relacionados a dinheiro, sempre conseguiu guardar um tanto razoável do salário, mas por algum motivo – mesmo depois de tantos anos de trabalho – ela não tinha grandes valores em sua poupança (lugar até então escolhido por ela para guardar as suas reservas).
Essa conversa aconteceu em um dos nossos primeiros encontros, fase em que esse mistério de “para onde ia o dinheiro” ainda não estava desvendado. Bastou algum tempo mais de conversa para entender que o dinheiro tinha um destino fixo e claro: viagens.
Achei essa conversa muito interessante, pois ela me lembrou que até um tempo atrás também era assim que acontecia comigo.
Um pouquinho de mim…
Poupar nunca foi algo desafiador para mim, muito pelo contrário, sempre foi algo intuitivo e natural. Desde a minha primeira mesada (com meus ricos vinte reais em 1998) já guardei uma parte para usar depois, e com o passar dos anos esse processo se tornou comum em minha rotina.
Não raramente, eu tinha uma reserva que superava tranquilamente os meus gastos mensais. No meu caso, esse dinheiro não ficava na poupança, mas sim em lugares mais adequados.
Sobre estes “lugares mais adequados”, a Papo de Valor tem um curso voltado para isso: é o Start: Reserva Financeira e é só clicar no link pra ver se o conteúdo te interessa.
Ter esse dinheiro guardado me dava tranquilidade em relação a possíveis perrengues, mas principalmente me dava uma sensação de que, caso surgisse uma boa oportunidade eu teria dinheiro disponível.
E era isso que acontecia. Sempre tinha a viagem da vez. De Pirenópolis a Bagan, eu SEMPRE tive uma viagem saindo do papel, e na maioria das vezes ao assumir o compromisso eu recorria às minhas reservas e pronto, sem peso na consciência. Depois em montaria ela outra vez.
O fato de não faltar dinheiro sempre me deu a sensação de que eu tinha tudo muito equilibrado, mas quando vamos colocar na ponta do lápis, a história não é bem assim.
Colocando o pé no chão
Ao levar em consideração as previsões relacionadas a previdência social, o que me espera para a fase de aposentadoria (daqui aproximadamente 30 anos) não é nada certo. Entendendo isso, nada mais responsável do que encarar os números e começar a minha formação de patrimônio o quanto antes, certo? E digo isso levando em conta os inúmeros privilégios que me permitem tomar esta iniciativa.
Mas mesmo vivendo em um cenário favorável, está aí um assunto que eu nunca tinha parado para pensar a respeito. Me parecia algo distante e “para depois”.
Foi a partir do momento que tive meu primeiro contato com conceitos de educação financeira que entendi a importância de começar a pensar sobre isso o quanto antes.
A conta da aposentadoria
Quando falamos em aposentadoria por meio do mercado financeiro a ideia é mais ou menos a seguinte: existe a fase 1 e a fase 2. E quanto mais longa for a Fase 1, mais tempo você tem para juntar o dinheiro necessário para viver bem na Fase 2. Vamos de exemplo. Uma pessoa quer se aposentar com uma renda de 5 mil reais a partir dos 65 anos, e projeta uma rentabilidade de carteira de investimentos de 4% acima da inflação.
• Fase 1 — Meta: juntar dinheiro para a Fase 2
• Fase 2 — Meta: usufruir uma aposentadoria do jeito que você sonhou!
Para conseguir isso ela precisaria acumular algo em torno de 1 milhão e 500 mil reais.
Se ela começar a juntar após alguns anos no mercado de trabalho, aos 30 anos de idade, o valor a ser poupado mensalmente é próximo de 1.650 reais (e seriam 35 anos poupando isso todos os meses, corrigindo a inflação). Mas caso a decisão de poupar seja postergada e iniciada aos 50 anos de idade, o valor a ser poupado por mês já salta para 6.250 reais.
Perceba que além de poupar 1.650 reais ser mais acessível que poupar 6.250 reais, o valor a ser economizado ao longo do tempo é 37% menor (é a mágica dos juros compostos neste exemplo escolhido).
E aqui uma ressalva: sei também que, especialmente no início da carreira, nem sempre é possível fazer altos investimentos para o longo prazo. Por isso vale buscar um meio termo em que se poupa menos neste início e mais à medida que o tempo passa. Só tenha cuidado com o viés do presente que pode fazer você querer sempre deixar isso sempre para depois.
E entenda, por aqui sabemos que a vida aparece com surpresas que podem mudar os nossos planos. Mas a ideia central de olhar para isso é ter um norte, ter uma referência a ser seguida, e de tempos em tempos fazer os ajustes necessários.
Caiu a ficha
Olhando para esses números, me dei conta que eu já poupava um valor significativo por mês. Acontece que não existia um semestre em que eu não recorresse às minhas reservas para realizar projetos, que na maior parte das vezes eram viagens.
Encarar este número me deu a consciência de que poupar para gastar daqui uns meses é muito diferente de poupar pensando em montar o seu patrimônio, e que neste sentido eu ainda tinha uma série de pontos para equilibrar.
Mas e as viagens?
Bom, eu continuo amando viajar e esta é definitivamente uma prioridade dentro do meu orçamento. Acontece que desde que me deparei com estes números, eu me dei conta de que existe esta outra prioridade que deve ser encarada com responsabilidade, uma espécie de autocuidado, inclusive.
Hoje eu busco equilibrar estes números, e para a conta fechar, eu passei a economizar um tanto a mais no meu dia a dia, mas naturalmente a proposta de poupar para o futuro impactou o valor que eu posso gastar com viagens e isso faz parte.
Hoje eu orço as minhas viagens com mais cautela e não digo “sim” para tudo que aparece. Por outro lado, sei que estou construindo um futuro mais tranquilo e com uma segurança que antes eu não tinha.
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[…] muito (com muitas noites mal dormidas, inclusive) e conseguem se sustentar de maneira independente poupando um pouco a cada mês, mas nada muito […]