Que não é fácil ter uma empresa, você já sabe. Mas quando se trata de um negócio com dois ou mais sócios, sempre há um nível a mais de complexidade envolvida.
Isso porque estamos falando de um projeto que precisa suprir as expectativas e necessidades – financeiras ou não – de mais de uma pessoa.
E não tem jeito: pessoas são complexas, e as relações entre essas pessoas são ainda mais. Por isso, grande parte dos problemas envolvendo sociedade não tem uma causa técnica, mas sim, a falta de uma boa combinação entre os envolvidos.
Se você já tem um sócio, ou pensa em ter, vou te trazer algumas ‘dicas de milhões’ que são importantíssimas para vocês se organizarem e evitarem muitos, muitos problemas.
1 – Combinem tudo antes
Veja bem, sociedade é como casamento: é preciso seguir juntos na alegria e na tristeza. E assim como no casamento, o ideal é fazer todas as negociações e combinações antes dos problemas surgirem.
Se os sócios decidirem conversar sobre as responsabilidades de cada um no momento do caos, de frente ao problema, a chance de a conversa ir para outro lado é muito grande.
Combinados devem ser feitos de cabeça fria, porque como disse Martin Lindstrom:
“Quanto maior é o estresse a que somos submetidos, maior é o medo, a insegurança e a dúvida que sentimos – e maior é a probabilidade de nos comportarmos irracionalmente”.
2 – Lembrem que sócios precisam olhar para o mesmo lado
Muitas vezes os conflitos surgem porque cada sócio espera algo diferente do negócio: um quer crescer rápido, não importa quanto trabalho seja necessário, enquanto o outro quer ter qualidade de vida; um espera determinado resultado financeiro, o outro espera o triplo; um tem como principal valor a honestidade acima de tudo, o outro está focado nos resultados a qualquer custo.
Nem sempre os sócios vão concordar em tudo, mas se, de cara, eles discordam em decisões básicas do negócio, talvez seja hora de repensar essa união (poderia estar falando de casamento, mas sigo falando de sociedade).
3 – Coloquem as expectativas de cada um na mesa
Para ter as respostas sobre tudo isso, o primeiro passo é entender o que você quer com esse negócio (qual resultado financeiro, e em nível de propósito e estilo de vida), e do que você não abre mão para isso. É preciso um bom tanto de sinceridade consigo mesmo.
Em seguida, é fundamental que você abra o jogo sobre as suas expectativas para a(s) outra(s) pessoas(s) que vai (vão) embarcar nessa com você.
Entendendo o que todos esperam fica mais fácil tomar as decisões e ter a dose certa de empatia. E até entender se você topa ou não seguir nesse caminho com essas outras expectativas que não são suas.
4 – É imprescindível que tenham 100% de confiança um no outro
Talvez ele não tome as mesmas decisões que você, talvez não tenha a mesma personalidade ou modo de enxergar as situações – na verdade é até legal que não tenha.
Mas você precisa sentir confiança de que ele está fazendo o melhor possível para vocês, e para a empresa. Se existe um pequeninho espaço de desconfiança, é bem provável que surjam conflitos.
Veja bem, empreender já é, por si só, bem desgastante e arriscado. Não vale a pena agregar mais riscos e conflitos nessa jornada.
5 – Definam a remuneração de cada um
Nesse sentido é importante te explicar que pro-labore é a remuneração do sócio que trabalha pelo negócio. Então só tem uma remuneração fixa e garantida todos os meses aquele que trabalha pela empresa, simples assim.
E esse pro-labore é definido pelo valor que a empresa consegue pagar neste momento, e pelo valor de mercado que seria pago para uma outra pessoa fazer o mesmo trabalho.
Agora, o lucro, quando houver, é repartido entre todos os sócios. E aqui não importa o quanto cada um trabalhou por isso (mas pode, sim, ter uma proporção negociada caso a caso).
Por isso é muito importante que vocês definam antes o que cada um irá fazer pelo negócio e qual a remuneração justa para isso.
6 – Tenham um bom contrato
Voltando a falar de casamento, assim como escolhemos um regime de comunhão de bens que irá direcionar as regras sobre os direitos de cada um em um possível divórcio, o importante é ter um contrato que documente todos os combinados feitos.
Apesar de já termos comentado sobre a importância da confiança, não podemos embasar todo o negócio nela. Por isso, é fundamental ter um bom contrato que direcione as decisões, e garanta que não há margem para outras interpretações em casos de conflitos.
Ao seguir essas sugestões, não tenho dúvida que você terá uma sociedade muito mais prazerosa e sem conflitos desnecessários.
Nesse processo ajuda muito, ainda, ter um bom planejamento financeiro, que mostre o caminho necessário que você e o(s) seu(s) sócio(s) precisarão percorrer para chegar no resultado que desejam e garantir o pro labore de todos.
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