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Nos últimos anos, atuando como planejadora financeira, tive a grata oportunidade de acompanhar alguns casais que quiseram trazer um olhar mais cuidadoso para suas finanças. E por mais que os pedidos de socorro fossem algo parecido com: “queremos sair das dívidas”, “queremos rever nosso financiamento imobiliário” ou “queremos conseguir guardar algum dinheiro”, a conversa sempre acaba sendo direcionada para a vida que o casal leva.
Isso já era de se esperar, pois acontece algo muito parecido na consultoria financeira individual: os números não são números, mas traduções do que acontece na vida. Falar de dinheiro é discutir desejos, concessões, dificuldades, medos, um monte de sentimento juntos. E quando estamos falando de casais, tudo isso vem em dobro e misturado.
Não é à toa que tanto casal briga e se desgasta só de tocar no assunto boleto. E como evitar que isso aconteça?
O primeiro passo é conversar com o coração aberto
A conversa é indispensável. Repito: INDISPENSÁVEL. Não dá para pensar em como separar as contas, como juntar dinheiro, quanto gastar se antes não existe a reflexão sobre quais são os objetivos, sonhos, metas, facilidades e dificuldades de cada um.
Pode até parecer óbvio, mas quantos casais conhecemos que não têm a coragem de colocar assuntos mais profundos na mesa? E não dá para julgar, pois pra muita gente este passo não é fácil.
Falar de dinheiro é expor suas bagagens familiares, é abrir ouvidos e coração para as fragilidades de quem está com você, é discutir desejos, incômodos e prioridades. Vai muito além de falar de amenidades e coisas do dia a dia.
Mas é um passo que precisa ser dado.
Neste texto aqui a Keylla trouxe boas sugestões sobre como iniciar esta conversa em casa, e se hoje você tem este elefante na sua sala, sugiro a leitura.
E vale ressaltar que conversar sobre dinheiro não é o mesmo que cobrar satisfação ou vigiar o(a) companheiro(a). A conversa serve para discutir o que é mais importante para cada um enquanto indivíduos e também enquanto casal.
Os sonhos e metas a dois
Um ótimo pontapé para iniciar esta conversa é justamente compartilhar planos. Discutir sobre experiências que querem realizar, compras que ainda pretendem fazer, expectativas para a vida lá na frente e também sobre como realizar tudo isso.
Entender onde se quer chegar é um ponto crucial para iniciar o caminhar.
E especificamente no caso de casais, é bastante importante sonhar juntos, ter planos juntos. Escrever, assinar e datar estas metas são atitudes que inclusive fortalecem o compromisso a dois. O que deixa ainda mais gostoso quando é o momento de celebrar as conquistas realizadas.
E como organizar na prática?
Bom, acho importante levantar aqui que quem mais sabe da sua realidade é o próprio casal. Normalmente, gosto de discutir as ideias trazendo um pouco da minha experiência de prós e contras de cada modelo.
Mas alguns pontos que eu entendo serem importantíssimos são:
- Os dois precisam entender o que está sendo feito. Não resolve quando um faz tudo sozinho e outro só obedece e concorda. Fazer isso mantém um ciclo de sobrecarga para um e dependência e falta de autonomia para o outro;
- Busque ter uma estrutura de organização financeira simples. Quanto mais robusta e complicada de acompanhar, a tendência acaba sendo de abandonar o projeto de manter as finanças em ordem;
- Não existe certo e errado sobre quem paga mais ou menos, o importante é que exista a conversa aberta sobre o assunto. Do lado de cá, vejo que muita gente se adapta bem dividindo as contas proporcionalmente ao quanto cada um ganha – assim quem recebe mais paga mais, e quem recebe menos, paga menos;
- Transparência e cumplicidade são ingredientes indispensáveis na vida do casal, e inclusive na vida financeira. O ato de omitir o salário, por exemplo, não é saudável;
- É muito importante preservar a individualidade e, portanto, é razoável que haja um “espaço” de compras que cada um faz sem recair sobre o outro. Assim se economiza na briga de “mas vai mesmo comprar um videogame agora?” ou “não dá pra você mesma fazer as suas unhas?”, entre outros.
E como dividir as contas bancárias?
Sobre modelos, por aqui já vi de tudo. Distribuição de quem é responsável por pagar cada boleto; dividirem cada centavo; um com as contas fixas e outro com cartão de crédito; juntar tudo e ver no que dá e por aí vai.
Mas se existe uma regra máxima que defendo é: tenham um combinado. Definam algo e testem. Não deu certo? Testem de outro jeito, e sigam. Até encontrar um modelo que funcione dentro da realidade de vocês.
Até hoje, entre os casos que acompanhei, o modelo que pareceu dar certo para o maior número de pessoas é o de utilizar uma conta conjunta para o casal, mas cada um manter as suas contas individuais. A ideia é que mensalmente cada um coloque o valor acordado nesta conta do casal e o que for gasto dos dois, sai dali.
Dessa maneira, o barzinho mais caro ou a conta de luz elevada é problema dos dois. Além disso, o custo de vida que o casal leva fica bem evidente e claro para ser entendido pelas duas partes.
Organização financeira salva relacionamentos, é isso?
Não é bem assim. A organização financeira por si só não salva relacionamentos. É difícil contar com uma boa divisão de gastos para salvar o casamento quando não há parceria, cumplicidade ou amor.
Mas é evidente que discutir este tema traz à luz outros assuntos que promovem profundidade para as discussões. Quando ambos entendem o que tem por trás do dinheiro as conversas passam a ter relevância maior, e é por isso que compartilhar e discutir informações financeiras fortalecem o vínculo e cumplicidade do casal.
Quando nos propomos a organizar as finanças (seja de casal, família, pessoa, empresa) o objetivo não é focar em dinheiro, é realizar sonhos de todos os tipos. Uma vida financeira mais equilibrada, no final das contas, é consequência.
E se por acaso, lendo esse texto você pensou, “poxa, seria legal fazer uma consultoria financeira de casal… como será que funciona?”, então clica aqui. Assim você conta um pouquinho da sua situação para gente, e nós te contamos como podemos te ajudar. 🙂
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