Dias desses li essa frase em algum perfil de empreendedorismo ou marketing desses famosos no Instagram, e achei forte. No fundo acho que considerei uma audácia, visto que trabalho com PLANEJAMENTO financeiro.
Mas agora, dias depois de digerir a frase e viver alguns dias de vida real com ela em mente, não poderia concordar mais. Não importa o quanto a conta fique redonda, o quanto a planilha fique ‘sem defeitos’ ou o quanto a gente se empenhe, existe um certo tempo-espaço que não controlamos e no fundo, por vezes, parece que o universo dá gargalhadas enquanto a gente planeja.
E para falar do assunto, trouxe alguns exemplos da vida real:
Marta (nome fictício), meu primeiro exemplo.
Agora há pouco, uma cliente me ligou, e logo após o “Tudo bem?” já emendou a frase “Meu principal fornecedor precisou rever todos os prazos de recebimentos. Para manter o preço vou ter que pagá-lo à vista e não mais em trinta dias, vamos ter que esquecer todo aquele plano de investimento para o crescimento da empresa.”
Nós estamos há meses planejando esse movimento. Cada centavo for levantado, cada pequeno passo foi orquestrado. Mas antes de pensar na possibilidade de dar um abraço (virtual) nela e cair no choro, eu lembrei daquilo que, no fundo, eu já sabia e já tinha alertado ela várias vezes sobre: o fornecedor da Marta não está nem aí para o nosso planejamento…
Tetê, meu segundo exemplo.
Nesse texto, contei como foi o meu planejamento antes de decidir ter um cachorro. Uma decisão tão corriqueira e quase infantil para um texto em um blog de finanças com tantos assuntos técnicos incríveis, certo? Pode ser, mas mais uma vez esse exemplo veio para colocar na minha frente a verdade: fiz várias contas, ouvi a experiência de todos os amigos com pet, fiz planilha e tudo. Considerei cada grama de ração, cada consulta ao veterinário, cada vacina obrigatória.
Mas esse é o quarto mês que ela está aqui e o quarto mês em que a conta na vida real não fecha.. Planejei tudo? Sim! Mas aconteceram imprevistos mil e não dá para falar “Tetê, vamos esperar para ter essa dor de ouvido no mês que vem? É que nesse mês a verba já estourou..”.
A verdade nua e crua é que a dor de ouvido dela não está nem aí para o meu planejamento..
Vívian, meu terceiro exemplo.
Há algumas semanas, a Vívian também entrou no clima e falou mais sobre esse assunto na nossa newsletter. (Quer receber nossos textos curtos e leves, mas com muitas reflexões importantes? É só se inscrever aqui).
E olha o que ela falou sobre o assunto:
“É sempre assim. A gente traça o plano e acha que a partir dali tudo seguirá impecavelmente. Só que não segue, né?
Seja pra um novo curso, para o acúmulo da sua reserva, para a abertura da sua empresa, para seus primeiros investimentos em renda variável… a linha nunca é reta.
Aceite.
Não desanime.”
Tentei representar graficamente o que ela quis dizer, e é algo assim:
É, meu amigo, como diria a sabedoria popular, a vida é o que acontece enquanto a gente planeja…
Mas então isso significa que é melhor seguir sem um planejamento?
Não! E nem vale considerar isso uma desculpa razão para não ter um bom planejamento (falei melhor sobre o assunto nesse texto).
Ter um plano significa ter pensado a respeito de vários cenários possíveis e antevisto problemas diversos que podem acontecer. Além do mais, replanejar se mostra muito mais simples e seguro do que tomar as de decisão necessárias sem norte algum, porque várias dessas decisões já foram tomadas na própria etapa de planejamento, e, na grande maioria das vezes, o melhor a fazer é seguir o ritmo e os padrões já definidos inicialmente.
Mesmo não sendo a melhor situação imaginada, concorda que fica muito mais fácil para a Marta repensar o cronograma e os movimentos necessários para o tão sonhado crescimento da empresa tendo um plano detalhado que será repensado, do que agir sem uma referência?
Concorda que fica muito mais fácil rever o meu planejamento financeiro mensal reconsiderando valores maiores do que eu havia imaginado, reorganizando outras despesas e consumos, do que só deixar tudo acontecer e depois perceber que a conta do mês não fechou? E pior, deixar isso se acumular mês a mês?
É justamente nesse ponto que mora a grande sacada do planejamento (de forma geral, e claro, o financeiro): o nosso poder de decisão e ação tendo um fio condutor como guia.
Existem possibilidade infinitas que podem acontecer para além do nosso planejamento, e sobre grande parte delas nós não temos a menor autonomia. Mas existe uma parte, mesmo que pequena, que está totalmente na nossa alçada, que cabe a nós, e apenas a nós, nos organizarmos para lidar com todos esses imprevistos e agir frente a situação, focando sempre no plano inicial que nós mesmos traçamos.
E é nessa parte que devemos focar.
Tanto para não depositarmos nas nossas próprias cabeças uma cobrança excessiva quando algo sai do planejado por causas absolutamente independentes de nós, quanto para nos cobrarmos sobre aquilo que sim, podemos interferir. Inclusive aqui, cabe uma ressalva importante em relação ao nosso auto controle, e a Keylla falou muito bem sobre o assunto nesse texto.
Quer outro exemplo?
O meu objetivo era escrever um artigo que fizesse você olhar, ao mesmo tempo, com mais seriedade e leveza para as suas finanças, e o planejado era tratar da importância e sobre os mitos que envolvem o assunto “Negócios e Propósito”. Mas a verdade é que a minha capacidade de formular pensamentos de forma escrita sobre esse assunto não estavam nem aí para o meu planejamento..
E olha só! Acredito que funcionou muito mais discutir com você sobre finanças na vida real do que fazer um artigo raso sobre um assunto tão importante. Mas coube a mim repensar e reformular o meu planejamento, independente dos fatores que não estão no meu controle, e replanejar o artigo sobre aquele assunto para uma outra oportunidade.
Se você entende a necessidade e gostaria de um auxílio profissional para tratar do planejamento financeiro do seu negócio, é só me chamar aqui.
Aguardo…
Oi, Renato! você gostaria de receber o nosso contato?