Valor social e agenda de atendimentos: como encaixar essas peças?

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Não é difícil um cliente chegar à consultoria comentando sobre a vontade ou até mesmo que já realiza atendimentos a um valor social, para que mais pessoas possam ter acesso ao seu serviço.
Afinal, muitos autônomos e pequenos negócios, na prática, vivem de vender seu próprio tempo.

São consultores, arquitetos, psicólogos, médicos, fotógrafos, advogados, professores e tantos outros que usam seu tempo na solução de problemas que outras pessoas – de fora da área – dificilmente resolveriam.

Tenho a sorte de cruzar com esses profissionais, em sua maioria, pessoas apaixonadas pelo que fazem e muito bem-intencionadas em relação ao seu impacto no mundo.

Me identifico com essa gente, já que sou um pouco assim também. E quando esse comentário surge, minha primeira reação é apoiar e valorizar esse movimento. Mas em sequência procuro entender melhor o cenário, já que sei que é algo que precisa ser proporcionado com cautela.

Em qual momento você está?

Veja, quando o assunto é realizar atendimentos sociais, visualizo dois macros momentos da vida profissional:

1 – Antes de ter uma agenda preenchida com clientes.

Quando estamos começando em nossa atividade profissional, é comum ainda precisar adquirir experiência. O volume de indicações não costuma ser tão alto e isso acaba refletindo, em alguns casos, em uma agenda vazia.

Nesta fase, realizar um volume maior de atendimentos sociais ou a um preço reduzido provavelmente é bom tanto para quem recebe o atendimento como para quem oferece.

É possível ajudar outra pessoa e ao mesmo tempo ganhar estrada em sua profissão.

Claro que é preciso tomar cuidado para não oferecer trabalhos a um preço muito abaixo, inclusive a quem pode pagar o preço correto. Temos uma tendência a fazer isso no começo e normalmente tem relação com a síndrome da impostora.

2- Quando já existe um fluxo de atendimentos acontecendo e rodando bem.

Nesse cenário, quando a agenda roda bem e clientes ou pacientes seguem em um ritmo interessante, entendo ser o momento de olhar com mais cuidado para o modelo de negócio que se está construindo. Levando em consideração o resultado financeiro que se almeja e o ritmo de vida que se quer levar.

Em geral, temos sonhos e vontades que – quer a gente queira ou não – dependem de dinheiro.

E aqui é preciso se propor a encaixar algumas peças, como: pagar contas do dia a dia, realizar sonhos, ter independência e tempo para fazer as coisas que gosta. Afinal tudo isso impacta diretamente na sua felicidade e realização pessoal.

Valor social e agenda de atendimentos: como encaixar as peças?

Quando falo sobre esse assunto, lembro da história de uma cliente que é psicóloga e tinha o sonho de sair da casa dos pais, mas com o quanto recebia isso não era possível.

No momento em que conversamos pela primeira vez ela me explicou que cobrava R$200 pela sessão e que durante a semana realizava 15 atendimento, atualmente já com alguma lista de espera.

Isso dá um faturamento próximo de R$12 mil reais por mês.

Considerando que é preciso pagar aluguel do espaço de atendimento, supervisão, guia do INSS, realizar algumas reservas, entre outros, os gastos que ela tem com a clínica somam aproximadamente R$4.700 reais.

Com esse cenário percebemos que seria possível, a princípio, um resultado de R$7 mil reais. O que de modo geral já daria para começar um movimento para que ela conseguisse realizar o seu sonho de morar sozinha.

O que acontece quando não encaixamos as peças corretamentes

Acontece que essa cliente estranhou esses valores, achou muito alto, distante da realidade dela. A verdade é que nos melhores meses seu faturamento gira em torno de R$8 mil reais.

Ficou estranho para você também?

O que fizemos então foi buscar entender a fundo o que estava acontecendo. Eis que, apesar do preço padrão ser R$200 reais, apenas 7 – dos 15 pacientes da semana – pagavam este valor. O restante se encaixava em atendimentos sociais onde o valor médio por sessão era de 70 reais.

Nessa história o preço médio da sessão dela, como um todo, era em torno de R$130 reais, bem abaixo do que ela tinha em mente.

Era por isso que o resultado mensal que ela tinha era perto de R$3 mil reais.

Outra vez: o problema não é realizar atendimentos sociais ou cobrar um preço acessível por seu serviço. O problema é não encaixar as peças de uma maneira que elas traduzam as suas prioridades.

Reorganizando as peças

No caso desta cliente realizar atendimentos sociais são sim uma prioridade. Porém, ocupar mais da metade da agenda com eles talvez seja muito, pois acaba confrontando um outro grande projeto que é se mudar para o seu cantinho.

Olhando para tudo isso, ela acabou optando por reduzir a quantidade de atendimentos sociais e iniciar uma transição.

Para ela não é possível, nem desejável simplesmente se desfazer destes pacientes porque já existe um laço estabelecido, e ela prefere um movimento gradual.

Foi assim que definimos que até o fim de 2022 esses atendimentos a um valor social passarão de 8 para 4 (fazendo os devidos encaminhamentos). Assim seu faturamento será por volta de R$9.900 reais e o resultado próximo de R$5 mil reais.

Um aumento de R$2 mil reais, que já será um grande passo em direção ao seu apê!

Transições e mudanças não são feitas do dia para noite

É claro que muito ainda pode ser feito, e é importante também entendermos que, quando falamos de transições e mudanças na atividade profissional, nem tudo se desenrola do dia para noite.

Começamos dando os primeiros passos (aqueles mais próximos da nossa realidade) e, com algum equilíbrio alcançado, partimos para os próximos movimentos.

Pessoalmente, entendo que para que um negócio prospere e tenha condição de ajudar outras pessoas é indispensável que o sócio ou autônomo ali por trás tenha uma vida feliz – ou ao menos tenha um plano traçado para chegar lá.

Se esse é um assunto pelo qual você se interessa ou conhece alguém que irá se beneficiar dessas informações, compartilhe!

Lorena Pires

Planejadora financeira da Papo de Valor. Acredita que ajudar no sucesso de um pequeno negócio é também ajudar na ascensão social das pessoas que estão ali por trás (dos empregadores aos funcionários), é minimizar passos em falso que teriam consequências catastróficas nas vidas dessas pessoas, é participar e colaborar para realizações pessoais.

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