Com frequência atendemos mulheres nas consultorias individuais e entre elas, não existe um padrão de renda, de idade ou demográfico no geral.
O padrão na maioria dos casos são de frases como: “quero garantir minha estabilidade financeira, me organizar para não depender mais de ninguém”.
Acreditamos que muito dessa necessidade vem da conscientização sobre como a dependência financeira torna a mulher mais vulnerável e também do histórico familiar como um todo.
Muitas mulheres cresceram vendo sua mãe depender de seu pai, vivendo relacionamentos difíceis e presa à ele por não poder se sustentar sozinha, e esse cenário se repete até hoje.
Segundo pesquisa do Instituto DataSenado a relação de dependência financeira é a segunda maior causa que leva mulheres a não denunciarem agressores.
O movimento de buscar fazer diferente, tendo em vista todo esse ciclo que se repete na vida de várias mulheres é muito importante.
No entanto, em uma sociedade machista é preciso estar atenta e se planejar para que esse desejo de fazer diferente não fique apenas no campo das ideias.
Se é um desejo seu buscar por sua independência financeira, nesse artigo apresentamos alguns pontos que todas nós devemos refletir e entender sobre qual o impacto disso em nossas vidas.
Independência financeira, mulheres!
Já falamos em outro momento aqui no blog sobre esse tema, fazendo um convite para que mulheres continuem a sua ascensão financeira. Nele abordamos sobre a pressão social e outros estigmas quando o assunto é dinheiro.
E agora, continuamos o assunto trazendo um pouco mais de profundidade. Trazendo 7 pontos de atenção para quem está nesse processo. Confira!
1. Seu dinheiro, sua responsabilidade, suas regras
É como nossa mãe dizia quando eu queriamos algo, mas não faziamos por onde: “querer todo mundo quer”.
Pois é, todo mundo quer cuidar melhor do seu dinheiro, mas entre o querer e o fazer existe a vida. A verdade é que nãoé tão simples começar.
Muitas vezes a gente consegue se organizar e não se endividar, mas ainda assim não há tanta clareza de como organizar o mês. Ficando de lado, por exemplo, a parte de analisar se os sonhos estão no orçamento ou até mesmo se está gastando muito ou pouco.
Sabemos bem disso, pois esse é o nosso trabalho, e vemos isso repetidamente nas consultorias individuais. Se você quer ser independente, entenda: seu dinheiro é sua responsabilidade e é preciso se atentar a isso e a tudo que o envolve.
2. Comece a poupar e investir desde hoje
Na maioria das vezes achamos que é impossível começar a poupar ou mesmo nos tornarmos investidoras. É como se fosse algo muito distante da nossa realidade e que o dinheiro não sobra no final do mês para isso.
Outras questões também precisam ser levadas em consideração, como a realidade de cada pessoa. Porém, se quiser alcançar alguma independência financeira, precisa ao menos começar o movimento de aprender a poupar.
Nem que seja pouco, é preciso incorporar esse hábito para a partir dele investir. Agora, se você já tem o hábito de poupar, mas ainda tem medo de começar a investir, busque estudar mais sobre o tema e contar com apoio de profissionais para essa jornada.
3. Entenda suas relações de consumo
A relação de consumo é um dos principais fatores que afastam as mulheres de uma vida financeira saudável. E isso não quer dizer que somos consumistas ao extremo ou algo parecido, mas sim que existe um sistema que te obriga a querer coisas para se encaixar em um padrão.
Mesmo que o padrão seja apenas “cuidar de você”, é comum sentir que tem todo um aparato de serviços e produtos que você sempre precisará comprar para fazer o melhor cuidado possível.
Sabemos que que a moda, a saúde e a beleza são diferentes em número de produtos e rotatividade quando comparamos entre produtos que se dizem masculinos e femininos.
Além disso o preço também muda, produtos destinados para mulheres são em média, 12,3% mais caros do que o MESMO produto destinado para homens.
Por isso, quero te lembrar de sempre entender o motivo de uma compra. Compreender os vieses e gatilhos de compra para que o ato de consumir não te afaste do seu objetivo: a sua independência financeira.
4. A sua renda vai variar em determinados momentos da vida
Questões financeiras envolvendo homens e mulheres estão diretamente relacionadas ao contexto histórico e sociocultural.
O trabalho feminino por muito tempo foi associado ao trabalho “gratuito”, como diz Katrine Marçal:
“A mulher recebeu a tarefa de cuidar dos outros e não de maximizar seu próprio ganho (…) as mulheres nunca tiveram permissão para ser tão egoístas como os homens.”
Esse ponto fica ainda mais claro quando dados do FMI revelam que quase metade do trabalho no mundo não é remunerado, e que a maior parte dele é feito por mulheres.
No mundo as mulheres ainda dedicam em média 4,4 horas ao trabalho não remunerado e os homens, apenas 1,7 hora.
Hoje, a maioria de nós brasileiras, temos a liberdade de escolher entre trabalhar, estudar, se casar, ter filhos ou não.
Entender que dependendo das escolhas que fizer sua renda pode até zerar e sua ascensão na carreira ser mais lenta, é importante para que você entenda que isso deve e precisa ser planejado.
Aqui vamos focar especificamente sobre a escolha de se tornar mãe que muitas vezes é tido como uma obrigação da mulher para com a sociedade.
É preciso entender os efeitos financeiros que isso irá lhe trazer e como é possível se preparar para que a maternidade não te afaste da sua independência financeira.
Planejar para esta fase, até mesmo agregar uma garantia de renda através de instrumentos públicos como o INSS por exemplo, é uma das possibilidades para esse momento.
5. Converse sobre dinheiro com seu parceiro(a)
Se você vive em um relacionamento, dinheiro e finanças vão ser assuntos que surgirão em algum momento. Afinal, se dinheiro passa por todas as áreas da nossa vida, por que não passaria pelas relações?
Como dito no tópico anterior, quando alguma decisão vai impactar a sua independência, sua capacidade de poupar envolve também o seu parceiro(a).
Um estudo alemão publicado no The Economic Journal, revelou que os casais que divergem nas decisões de poupança e investimento são menos propensos a ter uma casa própria e/ou reformar sua casa.
Percebe o quanto o assunto dinheiro deve fazer parte dos assuntos que vocês falam com naturalidade?
Decisões desse tipo devem ser tomadas com clareza dos riscos financeiros e mitigação dos mesmos através de um planejamento claro e bem estruturado.
Ter uma boa comunicação neste tema significa acordos bem feitos e claros para ambas as partes. Caso isso não aconteça, uma das partes pode sempre sair prejudicada.
6. Entenda juridicamente seus direitos
Podemos pensar em vários cenários onde entender seus direitos é importante, mas quero focar em um ponto que só é pensado quando a situação se mostra problemática: o divórcio.
Aproximadamente um em cada três casamentos terminam em divórcio no Brasil e o dinheiro é uma das principais causas.
Nesse contexto, muitas mulheres acabam prejudicadas. Seja pela questão do marido ser o principal provedor, pelo regime de casamento escolhido resultar em uma desvantagem financeira ou até mesmo por descobrir questões financeiras que antes não sabia que existiam.
Todos os tópicos anteriores, vão evitar questões como essas que citei, mas é importante que você entenda como está sua situação caso chegue nesse ponto.
Recomendamos esse episódio do podcast Uma Horinha Sobre Grana do Eduardo Amuri que convidou uma especialista e tras mais profundamente o tema.
7. Planeje sua aposentadoria
Por fim, mas não menos importante, está o seu futuro! Quando sua possibilidade de gerar renda diminuir, como você pretende estar?
A maioria dos brasileiros chega na fase de aposentadoria dependentes. E como esse artigo é sobre independência financeira, construir seu futuro é parte do hoje também.
Quanto antes começar a pensar e a se preparar para aposentadoria, é melhor.
Ter um plano de longo prazo é mais complexo, mas quase sempre conseguimos começar com algo e ir ajustando a rota ao longo do tempo e das nossas fases financeiras.
No geral o planejamento para aposentadoria envolve números e estratégia, você precisa saber onde aplicar seus investimentos, quanto deverá aplicar por mês e no futuro, como acontecerão as retiradas.
Existem ainda instrumentos financeiros que você pode aproveitar para impulsionar seus retornos ou reduzir impactos fiscais na sua renda futura.
Bom, esperamos que todos estes tópicos tenham gerado bastante reflexão sobre o tema.
Que artigo incrivel, depois de muito trabalhar e pouco poupar agora com 37 anos preciso pensar em liberdade financeira. Devia tê-lo feito antes. Mas, vou conseguir! Gratidão pela postagem.