Um pouco da minha experiência sobre festa de casamento e finanças

Posso garantir que, pelo menos para nós, a organização desta celebração não foi algo fácil. São muitas decisões, muito dinheiro, muita expectativa e muitos sonhos envolvidos.

Então quando noivamos, no final de 2018, começamos a olhar para os nossos sonhos de um outro jeito, buscando de fato entender o que queríamos para que aquele momento se concretizasse e fosse a nossa cara.

O que é o sonho?

Uma das primeiras conversas que tivemos foi: o que nós gostaríamos que a nossa festa fosse?

No nosso caso, não podemos nos considerar pessoas de gostos muito tradicionais. Esperávamos que isso nos ajudasse em termos financeiros, já que a ideia de um “vestidão de noiva” ou dos rituais esperados (e normalmente caros) não faziam parte do nosso gosto.

Em nosso ideal, a celebração seria da seguinte maneira: pela manhã o ritual religioso bastante reservado (apenas para pais, avós, irmã e cunhado) e depois um samba na hora do almoço para celebrar com amigos e família.

Um balde de água fria chamado realidade

Falando assim parece que barato, não é? Pois é. Eis que chega a hora de colocar os números no papel. Chegamos em um orçamento mais ou menos assim:

É isso mesmo, Brasil, 112 mil reais. Esse valor estava completamente fora do que gostaríamos de gastar. Em nossos planos pensávamos em gastar algo em torno de 30 mil reais. Erramos a conta em 273%, apenas. Bom, venho aqui chamar a atenção para a importância de orçar o todo (ou pelo menos ter uma noção aproximada e realista) antes de começar a fazer compromissos, porque como bem expliquei neste texto aqui, somos péssimos para fazer contas de cabeça, especialmente quando estamos otimistas ou quando desejamos muito alguma coisa.

O que fica, o que sai?

Olhando para isso eu e meu (então) noivo chegamos ao seguinte dilema: fazer ou não fazer a festa? Esse valor era impensável para nós. Conversamos e chegamos à conclusão que o máximo que estaríamos dispostos a pagar por um dia de festa seria 50 mil reais.

Com isso, passamos à etapa de corte de gastos para ver se este valor era viável. Se fosse, faríamos a festa; se não, não faríamos.

Uma pausa bem aqui: eu faço questão de chamar a atenção para o risco que é começar uma vida a dois com dívidas ou com o orçamento muito apertado. O momento de transição do namoro para “morar juntos” já é um grande desafio por si só. Iniciar esta nova fase com um monte de boletos desproporcionais à realidade do casal é algo que pode colocar em jogo a própria relação.

Neste momento de cortar gastos pudemos explorar bastante o que era a prioridade para nós dois. Foi um momento de bastante conversa e troca, bem importante para aquela fase que vivíamos.

Foi quando discutimos, por exemplo, quem não podia ficar de fora da vida lista, discutimos o que precisávamos “obedecer” de desejos das nossas famílias e a que podíamos dizer não, discutimos se era mais importante bebida ou doce, discutimos a disponibilidade para pôr a mão na massa ao invés de simplesmente delegar para uma empresa responsável.

Todas essas conversas revelam muito sobre nós, e foram elas que nos deram muita firmeza sobre o que era importante e o que não era. Foi tendo clareza disso que conseguimos responder sem hesitar, sequer internamente, quando nos questionavam a “falta” de algo. Saber que as nossas prioridades estavam sendo atendidas, nos deram segurança para seguir apesar das críticas que surgiram no caminho.

Com isso, chegamos a um orçamento mais ou menos assim (em destaque, os itens que reduzimos):

Organização financeira

Com essa informação, mãos à obra. Definimos este valor em dezembro de 2018, com o casamento previsto para novembro de 2019.

Em nosso caso, era um ponto muito importante para nós dois que os nossos pais não bancassem a festa. Com isso em mente, e entendendo que temos remunerações similares, eu precisava juntar 25 mil reais e o Breno precisava juntar 25 mil reais. Tínhamos um ano para isso.

Assim como costumo ensinar para os clientes da consultoria financeira pessoal, defini o valor de 2.100 reais para poupar mensalmente (25.000 divido por 12 meses, aproximadamente).

Este valor era algo que cabia no meu orçamento caso eu deixasse outros projetos de lado e buscasse reduzir um pouco os meus gastos do mês. Foi o que fiz, e ter o meu companheiro inserido no mesmo processo de economizar me ajudou muito a ter disciplina e foco.

Onde guardar o dinheiro

No nosso caso decidimos guardar o dinheiro do casamento no CDB de liquidez diária do Banco Inter. Escolhemos este produto por entender que ele tem as características necessárias para projetos de curto prazo: baixo risco, baixa volatilidade e alta liquidez. É claro que este não é o único produto adequado para este tipo de objetivo, e para entender mais sobre o assunto indico fortemente que clique aqui para conhecer o conteúdo do curso Start: Reserva Financeira.

A ideia de direcionar o dinheiro para um lugar só, e separado, serviu para termos uma constância de aportes e, quando fosse necessário fazer qualquer pagamento, tirar o dinheiro diretamente de lá. Assim ficou bem fácil separar o que era gasto pessoal com o que era gasto do casamento.

Ter a estrutura bancária como aliada foi um grande diferencial para não mergulhar no universo infinito do cartão de crédito.

Quanto gastamos no final das contas?

Bom, mostrei para vocês o que queríamos, depois o que planejamos e agora, por fim, quanto gastamos.

Epa! Então Lorena e Breno furaram o orçamento em uns 10%? Sim, furamos o orçamento em uns 10%. E falo isso com a certeza absoluta que se não tivéssemos partido de um orçamento planejado de 50 mil reais, os nossos gastos tinham chegado a uns 140 mil tranquilamente.

Esse processo de planejar e refletir ajuda muito na organização e nos tão necessários “nãos” que precisaram distribuir por aí. Ter um caminho não significa que tudo correrá exatamente conforme o planejado, podem haver imprevistos e desejos que furam o orçamento e mesmo assim saem do papel, mas são “tropeços” percebidos e aceitos; bastante diferente de sequer entender o que está acontecendo.

E você acha que valeu a pena?

Financeiramente? Não. Lá se foram 55 mil reais em um dia de festa.

E no mais? Valeu cada centavo. Entramos e saímos deste processo com as reservas intactas, começamos a vida a dois com estabilidade financeira e pudemos celebrar de maneira responsável junto àqueles queridos.

E pra contar um pouquinho mais deste dia que foi tão especial pra gente, seguem alguns registros :

A celebração na igreja
Os padrinhos reunidos na festa
A nossa decoração
Uma equipe maravilhosa presente!
A nossa roda de samba

No nosso caso, fazer uma festa que custasse 55 mil reais não era algo que nos colocaria em uma posição de fragilidade financeira. E esse é um ponto que faz muita diferença e precisou ser encarado com muito pé no chão.

Portanto, não sou daquelas que fala que “precisa ter festa” ou que “festa de casamento é dinheiro jogado fora”. Ao meu ver, cada pessoa tem realidades e sonhos diferentes e isso precisa ser levado em consideração.

Das grandes lições que aprendi com esta fase da vida, acho que a mais importante foi a de conversar sempre com meu companheiro (e agora marido) para termos clareza do que são as nossas prioridades enquanto casal e enquanto indivíduos. Essa conversa continua constante, já nas bodas de pom pom.

Bom, esse foi um texto onde eu busquei contar a minha experiência e não tenho a pretensão de dizer que é assim que você deveria fazer. Mas acho que a conversa e troca podem ser produtivas, então se quiser me perguntar algo, é só escrever nos comentários. Respondo com o maior prazer.

Lorena Pires

Planejadora financeira da Papo de Valor. Acredita que ajudar no sucesso de um pequeno negócio é também ajudar na ascensão social das pessoas que estão ali por trás (dos empregadores aos funcionários), é minimizar passos em falso que teriam consequências catastróficas nas vidas dessas pessoas, é participar e colaborar para realizações pessoais.

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